Sinto-me tranquilo, um pouco triste mas em paz, aprendendo a viver comigo próprio. Acendo um incenso de limão, relaxo ao inalar o odor, ouço música enquanto escrevo e penso. Há anos que me entrego a outros, de corpo e alma, tento estar lá, sempre presente nem que seja em espírito, sem nunca pedir nada em troca. É claro que obtenho algo em troca, obtenho a satisfação de ter ajudado alguém, obtenho o prazer de saber que fiz alguém feliz, ainda que a custo da minha própria felicidade. Abdiquei de tanta coisa nestes últimos anos, mas também ganhei tanto.
Neste último ano aprendi o que é amar a sério, aquela sensação de que não se consegue sobreviver sem a outra pessoa. Eu já tinha uma ideia do que é amar, no entanto era uma ideia vaga. Ou então sempre soube o que é amar, mas à minha maneira. Sempre que me apaixonei por alguém julgava que sabia amá-la, mas sempre, invariavelmente, estava enganado; aquilo que era um sonho, terminou inevitavelmente em pesadelo.
Se calhar eu sempre soube o que era amar mas nunca souberam amar-me. Nesta altura só me consigo lembrar de uma passagem de uma música, que me descreve na perfeição:
Something so simple
Something so trivial
Makes me a happy man
Can’t you understand
Say you believe
Just how easy
It is to please me
Boa noite.