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Aborto

Já muita tinta correu sobre este assunto, já muitos manisfetaram o seu desejo pelo “sim” e muitos outros o seu desejo pelo “não”. Aqui fica como eu vejo a coisa:
Qual é o papel do homem na sua qualidade de pai da futura criança?
Porque razão é que a mulher é sujeita a três anos de prisão por fazer um aborto, quando o homem se descarta e em muitos casos obriga a mulher a fazer o aborto?
Quando é para foder está pronto, mas quando é para assumir a paternidade desaparece?
Porque é que a decisão de fazer um aborto não é uma decisão a dois, tal como foi a decisão de dar uma queca? (isto quando a queca é concensual)
Vocês, defensores do “não” acham que uma mulher faz um aborto de cabeça leve? Acham que é fácil?
Quantas de vocês defensoras do “não” já foram a Espanha fazer um aborto? E quantas de vocês já o fizeram num “vão de escada” porque o dinheiro não dá para ir a Espanha
Qual é exactamente a lei que estamos a aprovar?
Estamos a aprovar a despenalização do aborto ou a liberalização?
Se a maioria dos Portugueses votar “sim”, então o que é que passa a ser legal?
Passa a ser lega fazer-se um aborto apenas por “dá cá aquela palha”?
Não se fica com nenhum registo DO CASAL que for fazer um aborto?
Uma mulher pode fazer o aborto como quem vai à farmácia comprar aspirinas?
E mais uma vez, qual é o papel do homem no meio disto tudo?

Pois é… Eu sou a favor da despenaliazação do aborto.
Acho que uma mulher que decida fazer um aborto já é suficientemente penalizada só por ter que tomar essa decisão. Acho que sim, deveria haver planeamento familiar.
Acho que sim, devemos tornar o aborto legal, mas ao mesmo tempo manter registos de quem faz aborto e porquê, e isto precisamente para evitar casos de mulheres que utilizam o aborto como método contraceptivo.
Desenganem-se aqueles que pensam que estou a exagerar, conheço pelo menos dois casos de mulheres que fizeram vários abortos, dentro do seu próprio casamento. O que as levou a fazer isso, não sei e sinceramente não me interessa, só a elas diz respeito. Simplesmente acho que isso poderia ser evitado e não é com uma proibição que isso se vai evitar.

Actualmente o aborto é ilegal, no entanto não por causa disso que eles deixam de se fazer. Se a despenalização do aborto representar a melhoria de condições para a saúde pública e da mulher, então sou a favor. Se a despenalização representar um registo de quem faz aborto então sou a favor.
Pessoalmente, não sou a favor do aborto, mas sou a favor da despenalização dele.

Retiro do jornal Destak o comentário do Sr. António Bagão Félix:
Voto não porque:
Se todos somos contra o aborto clandestino, não é legalizando o aborto até às 10 semanas que se combate aquele mal. Quer-se transformar o problema na solução e legalizar a mais injusta e cobarde das discriminações: a vontade da parte mais forte sobre a mais débil, sem voz e protecção legal. O que está em causa é relativizar ou não o valor da vida! O Não pensa primeiro na vida de um novo ser,mas está disposto a pensar na mulher. O Sim pensa nas circunstâncias da mulher, mas não parece disposto a pensar na vida nascente.

Sr. António Félix,

se mantivermos o aborto ilegal, então pode ter a certeza absoluta que o aborto clandestino se vai manter e muito provavelmente aumentará. Se o que está em causa aqui é o valor da vida, então diga-me que valor tem a vida de uma mulher que fica às portas da morte devido a um aborto mal feito num canto qualquer?
Diz que o não está disposto a pensar na mulher também. Então e como se propõe a fazer isso? Senta-se calmamente no seu escritório a pensar “hummm… há mulheres a fazer abortos clandestinos neste momento. Pronto já pensei o suficiente”. É a isto que se refere quando diz estar disposto a pensar na mulher?

Será que ainda não perceberam que esta questão não tem absolutamente nada a ver com o tirar ou não tirar a vida de um ser? Será que é difícil entender que a diferença entre a legalidade e a ilegalidade de um aborto é que caso este seja legalizado acaba-se com o negócio a muita gente? Acaba-se com os abortos por oitenta contos livres de impostos?
Será que ainda não perceberam que votando sim o número de abortos não aumenta? A diferença é que os números oficiais aumentam.
É que neste momento não há qualquer estatística referente ao número de abortos que se praticam neste país. É tudo feito às escuras, na clandestinidade ou noutros países. Se for despenalizado há muita gente que vai ter que dar a cara, e aí é que a porca torce o rabo.

Muito provavelmente os defensores do não só têm medo disso. Não querem ter que dar a cara quando as suas filhas ou mulheres fizerem um aborto. Porque isso, meus caros, não pode ser… é uma vergonha.

Cresçam, abram os olhos. Sejam honestos com vocês próprios.