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Abrande… para apreciar a vida

Isto é muito curioso. Ainda ontem estive a ver um documentário na Sic Notícias que fala precisamente sobre as diferenças da vida na cidade e da vida no campo.
Já há algum tempo que tenho tido longas e agradáveis conversas com a meninadarádio sobre o assunto e por coincidência ou não, hoje encontrei isto no meio das minhas navegações da internet e resolvi traduzir.
É bem provável que já conheçam a história, o assunto claro que é conhecido, mas vale sempre a pena ler ou reler.

Normalmente não leio e-mail que seja o reenvio de um reenvio de um reenvio, mas recebi este e-mail hoje. Foi escrito por alguém que trabalha na Volvo na Suécia, e ele menciona como qualquer projecto na companhia “demora dois anos a ser finalizado, mesmo que a ideia seja simples e brilhante. É uma regra.”

Aparentemente o mundo corporativo global acelarado, focado nos resultados imediatos, “entra em grande contraste com os movimentos lentos da Suécia. Eles, por outro lado, debatem, debatem, debatem, organizam x reuniões e trabalham com um esquema de abrandamento. No final, isto tem sempre melhores resultados.”

A história relatada é a seguinte:

Da primeira vez que fui à Suécia, um dos meus colegas ia-me buscar ao hotel todos os dias de manhã. Era Setembro, com frio e neve. Nós chegávamos cedo à empresa e ele estacionava sempre longe da entrada (2000 funcionários vão de carro para o trabalho). No primeiro dia, não disse nada, nem no segundo ou no terceiro. Uma manhã eu perguntei: “Tens lugar de estacionamento fixo? Reparei que estacionamos sempre longe da entrada mesmo quando não há mais carros no parque de estacionamento.” e a resposta foi: “Uma vez que chegamos sempre cedo, temos tempo para caminhar e quem chegar mais tarde, poderá estar atrasado e precisa de um lugar mais próximo da porta. Não achas?”

Ele fala então do movimento na Europa chamado Slow Food, que “estabelece que as pessoas devem comer e beber devagar, com tempo suficiente para saborearem a sua comida, passar tempo com a familia, amigos, sem pressas. Slow Food é um movimento contra o espírito do Fast Food e contra o estilo de vida que representa.”

Adorei esta ideita. É o que está no coração do movimento de simplicidade, bem como todos aqueles que estão a tentar viver vidas frugais. Não é apenas uma questão de reduzir tralha e poupar dinheiro.. é uma questão de abrandar e apreciar mais a vida, de saborear os prazeres simples da vida, de rejeitar a certo nível a cultura materialista em que somos apanhados e em vez disso abraçar os outros seres humanos.
É uma questão de mudar os nossos valores e prioridades.

E ele continua:

Basicamente, o movimento questiona o sentido de “pressa” e “loucura” gerado pela globalização, aliementado pelo desejo de “ter em quantidade” (estatuto de vida) versus “ter com qualidade”, “qualidade de vida” ou a “qualidade do ser”. Os Francezes, mesmo trabalhando 35 horas por semana, são mais produtivos que os Americanos ou os Britânicos. Os Alemães estabeleceram uma semana de trabalho de 28,8 horas e viram a sua produtividade subir em 20%. Esta atitude lenta chamou muito a atenção dos Estados Unidos, pupílos do rápido e do “faz agora”.

Esta atitude não representa fazer menos ou ter uma produtividade menor. Representa trabalhar e fazer as coisas com uma maior qualidade, produtividade, perfeição, com atenção ao detalhe e menos stress. Representa reestabelecer os valores familiares, amigos, tempo livre e de lazer. Pegando no “agora”, presente e concreto, contra o “global”, indefinido e anónimo. Significa assumir os valores essenciais humanos, a simplicidade de viver.

Representa um ambiente de trabalho menos intimidante, mais alegre, mais leve e mais produtivo onde humanos gostam de fazer aquilo que melhor sabem fazer. Está na altura de para e pensar em como as companhias precisam de desenvolver qualidade à séria sem pressas, com uma não-pressa que vai aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços, sem perder a essência do espírito.

Muitos de nós vivemos as nossas vidas a correr atrás do tempo, mas só chegamos a ele quando morremos de um ataque de coração ou de um acidente de carro enquanto acelaramos para chegar a tempo. Outros estão tão ansiosos para viver no futuro que se esquecem de viver no presente, que é o único tempo que realmente existe. Todos nós temos tempo igual pelo mundo fora. Ninguém tem mais nem menos. A diferença reside na maneira como cada um de nós lida com o tempo. Temos que viver cada momento. Como disse John Lennon, “Life is what happens to you when you’re busy making other plans”.

Encontrei um site chamado Slow Down Now que oferece algumas dicas para abrandar, incluíndo:

1. Bebe uma chávena de chá, põe os pés para cima e olha pela janela. Aviso: não experimente isto enquanto conduz.
2. Passa algum tempo de qualidade na banheira.
3. Escreve estas palavras e coloca-se num sítio onde possas vê-las “Multitarefas é uma fraqueza moral”
4. Tenta fazer apenas uma coisa de cada vez.