Anda a populaça toda indignada com as medidas que o governo está a tomar; a subida dos impostos e os impostos extra, o apoio que o governo está a dar aos seus “amigos”, a continuidade das despesas astronómicas e absurdas, etc. Fala-se mal deste e daquele no “feicebuque”, critica-se, chama-se ladrão a fulano e cicrano, fazem-se manifestações. Infelizmente pouco mais se faz do que isto.
Portanto, let me get this right: o governo que está actualmente a fazer esta merda toda, está lá porque nós, os eleitores, votámos neles, certo? É que até os abstencionistas contribuiram para colocar lá o PPC. Um não voto, não é a mesma coisa que um voto em branco. Isso apenas teria impacto, talvez, se houvesse uma taxa de abstenção de 100% em vez de haver uma parca maioria em que apenas metade dos eleitores votaram.
Manifestações, sim, claro temos esse direito e acho que fazemos muito bem em nos manifestarmos, mas pergunto eu: “Será que tem algum efeito?”; aparentemente não. Segundo consta, só na avenida dos aliados no Porto foram pelo menos 50000 pessoas. Toda gente grita, rabuja, refila, grita, cantam canções reaccionárias, postam piadas idiotas na net, queixam-se que o primeiro ministro é isto ou aquilo, mas de facto, acções ou atitudes que tenham impacto poucas há. Claro que é mera especulação da minha parte, mas tudo me leva a crer que enquanto as pessoas estavam nas ruas de várias cidades do País, o primeiro ministro e respectivo governo/amigos estavam confortavelmente a rir-se de tudo; “olhem-me para estes palhaços, nós fazemos o que queremos e bem nos apetece e esta cambada apenas vai para a rua gritar”.
“Sim, claro, deve ser chato ir á net e ver montanhas de fotografias minhas a chamar-me tudo menos pai, mas enquanto isso eu vou enchendo o bolso; o meu e o dos meus amigos.”
Recentemente vi uma atitude que admiro, sim, essa foi uma atitude que poderá ter algum impacto (ou não); a escritora Maria Teresa Horta foi nomeada para receber um prémio literário, mas ao saber que este iria ser entregue pelo primeiro-ministro recusou-se a receber o prémio. Aplaudo esta atitude.
Pergunto-me a mim próprio o que poderei eu fazer para mudar o estado das coisas. Posso dedicar-me à política, mas creio que não teria grande sucesso (sim, eu sei que estou a ser derrotista). Posso estar redondamente enganado, mas acredito que não é o governo que manda neste País (ou em qualquer outro País), quem realmente puxa os cordelinhos são os grandes “barões” empresariais. Quem realmente manda é quem tem muito dinheiro/poder. E há sempre a tática habitual de chutar para canto: “Eu não sei de nada, o governo anterior é que nos deixou neste estado!”. Porra, não estavam lá quando o governo anterior “supostamente” esteve a fazer asneiras? Não poderiam ter impedido isto?
Por isto tudo e muito mais eu pergunto: Que direito têm os políticos de ganhar balúrdios e ter todas as regalias que actualmente possuem? Ah e tal, governar o País é um cargo que dá muito trabalho. Sim, concordo, é muita responsabilidade e dá muito trabalho, mas isso seria se estivessem a fazer um bom trabalho, seja como governantes ou como oposição.
Entretanto, creio que a febre das manifs já está para acabar, já começou a casa dos segredos. Além disso, há sempre o alcóol e a droga (de acordo com um estudo efectuado a taxa de viciados aumentou por causa da crise). Pois, não há dinheiro para comprar comida e pagar a renda, a vida está uma merda, vou mas é gastar o que me sobra na pinga ou na droga.