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Chegou aquela hora…

Aquela hora em que o meu mundo sossega. Quando as ruas estão vazias, as estrelas brilham no céu em noites sem lua, os pássaros dormem nos seus ninhos, os morcegos voam junto às docas, apenas um ou otro carro circula nas estradas e virtualmente ninguém anda a pé nas ruas excepto talvez quem trabalha a esta hora.

Ouço uma música que me toca lá fundo nos meus “feels”. Panoramic, de Atticus Ross (Nine Inch Nails). A minha gata dioverte-se ali no corredor com os seus brinquedos, que na verdade são apenas umas tampas de plástico que quando ela mete na boca mais parece que está de chucha. Bem que eu podia comprarlhe brinquedos de gato, mas ela ignora tudo isso; o que ela quer mesmo é as tampas de plástico, canetas, cotonetes, bocados de papel, sei lá, tudo o que eseja para deitar fora. Por volta desta hora, mais ou menos quando costumo deitar-me ela vem sempre brincar com a sua tampa para cima da cama, perto de mim. ela gosta de estar assim, sempre por perto…

Lembro-me de alturas em que escrevia coisas destas pelo menos uma vez por dia. Eram alturas em que tionha um trabalho onde passava alguns momentos sem ter muito trabalho e então para passar o tempo, em vez de ir para o facebook ou coisas parecidas, escrevia sobre tudo e sobre nada. Era um passsatempo numa altura em que as redes sociais eram coisas de um futuro distante. Hoje em dia a comunidade de escritores, bloggers, ou o que lhes quiserem chamar, já praticamente não existem ou estão condenados a uma audiência muito restrita. Vivemos no tempo do “tldr” (Too Long Didn’t Read). Hoje em dia as audiências etão reservadas para tik-tokkers, youtubers. influencers digitais e coisas que supostamente são muito mais emocionantes do que uma crónica. Lá está… TLDR.

Imagino que uma boa percentagem das pessoas que por aqui passam já não chjegaram a este parágrafo. É demasiada coisa para ler. Além disso isto não tem movimento, não tem miúdas giras com coreografias idiotas todas iguais umas às outras, nem tem miúdos parvos com os seus “online challenges” a fazer coisas estúpidas para ganhar cliques.

Sinto falta desses anos idos.. Não, na verdae, não sinto. sinto falta de algumas coisas desses tempos. Sei que nada udra para sempre e quando dura, acaba por, eventualmente, perder o interesse. Aquilo que sabe bem tem a distinta caracteristica de durar pouco e denos deixar de água na boca. Até mesmo uma relação entre duas pessoas que dure uma vida inteira, tem que ter os seus altos e baixos. Os momentos bons existem, podem ser muitos e até durar bastante, mas todos eles têm um fim e deixam-nos com vontade de mais e por isso vamos ficando, a tentar encontrar o próximo momento bom. E pelo meio vamos tendo os momentos menos bons, talvez algumas discussões. Magoa-mo-nos mutuamente, sempre achando que nós é que temos razão até que, eventualmente atingimos uma certa maturidade para reconhecer que errámos, e que nessa altur anos conseguimos perdoar a nós próprios para que depois o outro também nos possa perdoar.

As relações entre seres humanos são coisas complexas, cheias de caminhos alternativos que podem, ou não, levar ao mesmo destino tendo, no entanto, percursos variados. Dois seres podem viajar para o mesmo destino e no entanto nunca se encontrarem até chegarem ao seu destino.

Faz-nos falta o relacionamento com outras pessoas. Só assim conseguimos evoluír e crescer enquanto indivíduos. Aprendendo com experiências diferentes das nossas sobre eventos semelhantes.