O tempo passa. Não pede licença e não espera por ninguém. É uma força inexorável que não se consegue controlar, no entanto é uma invenção nossa. Sem o ser humano o tempo não existe, ou melhor, não tem como ser medido.
Quanto mais tempo passa, mais tranquilo vou ficando, mais independente. Ou será que é apatia? Sinto coisas que não consigo bem identificar, tenho pensamentos intrusivos que não levam a lado nenhum, outros até dão em algo.
Sinto vontade de fazer algo e não consigo. Chego ao ponto de estar tudo pronto, mas nada acontece. Tenho falta de coisas que não consigo encontrar. Pode-se dizer que é por falta de procura, mas não acho que seja algo que se procure. Não é uma coisa que se tenha perdido e que se possa procurar.
Escrevo em frases mais ou menos crípticas. Quem me conhece bem talvez entenda algumas das coisas que falo, quem não me conhecer não entenderá. Poderá projectar algo, sentir algo e isso poderá, por algum mero acaso, coincidir com o que escrevo.
Não estou com vontade de ser explícito, claro. Estou apenas a observar o tempo a passar.