Desde pequeno sempre estive muito atento ao que sinto e quando sinto, sempre soube o que estava a sentir, nunca combati o que sentia e deixo-me estar no que sinto ate que eventualmente sinto algo diferente. Quanto mais “amadureço” mais sei o que sinto, mais penso nas coisas que sinto. Não sou um “overt-hinker”M adoro pensar, penso em tudo e um par de botas, no entanto o que eu penso nunca me impede de agir, não fico bloqueado em raciocínios multiplos sobre se devia agir assim ou assado, ou se devia decidir desta maneira ou daquela. Demoro a tomar decisões, mas quando as tomo tudo se resolve muito rápido. Acho que o melhor adjetivo para me descrever será “hyper-thinker”.

Falando de sentimentos, emoções, estados e coisas que tais, sou um ser razoavelmente feliz, se calhar mais que isso. Já passei por muitas coisas na vida que seriam motivo de deixar algumas pessoas deprimidas. Sempre enfrentei os meus momentos com muita tranquilidade e com muito humor. Brinco constantemente com coisas sérias, há quem diga que tenho uma enorme dose de loucura. Eu gosto dessa minha loucura, é aquilo que me mantém são e lúcido.
Tenho os meus momentos, passo por fases mas “depré”, alturas em que me sinto triste, tenho outras alturas mais alegres, outras neutras, passo por todos os estados de espírito e no entanto, regra geral, sou feliz.

No meio disto tudo tenho, desde há … não me lembro quanto tempo, uma solidão constante que persiste, ou se calhar. Nada que me atire abaixo ou que seja pesado. É apenas uma coisa que está ali, subcutâneo; uma moínha que não chateia muito mas que também não vai embora. Se calhar não é solidão, o meu vocabulário não é suficiente para descrever este sentimento, creio que o mais próximo é o inglês “solitude”. Lembro-me de sentir isto quando era miúdo, vai e vem. A maior parte do tempo nem dou por isto, outras alturas a sua presença faz-se sentir.
Não fico deprimido ou em baixo. Sinto alguma tristeza, entendo de onde vem, mas não entendo o porquê. E também não tenho grande interesse em perceber porquê, não é coisa que me tire o sono.

Nos momentos em que me sinto assim, tenho os meus sitios abrigo: Tenho vários blocos de notas pela casa, o meu blog. Vou ao meu refúgio à beira mar, seja qual for o dia e hora. Já passei o ano lá, a ver o mar e a escrever. Tenho a música que componho, conforme a inspiração. E tenho uma das coisas que mais aprecio neste momentos, paz, sossego e silêncio. Experimentei fazer um retiro de silêncio uma vez, apercebi-me que faço disso sempre que me apetece, sem “mestres” ou “gurus”, sem retiros.

Quando escrevo, faço-o de mim para mim. Não tenho, nunca tive o objectivo de ter “likes” ou fama. Quando comecei o meu blog em 2003 decidi que seria como um diário privado exposto ao público. Um sítio onde posso deixar tudo o que eu sinto e penso. Um blog onde a ficção se mistura com a realidade. Escrevo sobre tudo, invento conversas, histórias reais, outras de ficção, divagações filosóficas, dúvidas existênciais. Cheguei a experimentar compor musica para acompanhar o que escrevia.

Não estou neste momento a ver o mar como é o meu hábito nestas alturas, mas sinto o cheiro da maresia entrar pela janela, tenho música a tocar, a minha gata Diana deitada aqui ao meu lado a dormir.

Sinto-me triste e ao mesmo tempo, tranquilo, em paz e sim, sou feliz.

By Pedro