Vivemos numa era em que as redes sociais governam o nosso dia-a-dia. Em que as pessoas recebem as suas notícias através de posts em blogs, vlogs, fotos, clips. E muito pouco desse conteúdo é verificado quanto à sua veracidade e, principalmente, em que o autor não se preocupa no mal que possa estar a fazer a outro ser humano. A audiência, os likes, as visualizações e o numero de seguidores são o mais importante.
Por esse caminho seguiram também as cadeias de televisão, as rádios, os jornais e revistas.
Focando-me um pouco mais no micro em vez de no macro, estou a pensar nos indivíduos. As pessoas em si. Quem lê e escreve em redes sociais para passar o tempo. Falo no exemplo de uma rede como o Twitter, onde tudo e todos deixam a sua opinião.
Na teoria, o Twitter e uma rede que iria permitir às pessoas de todo o lado estarem mais em contacto umas com as outras, trocarem opiniões, dialogar, debater ideias. Mas na prática?
Na prática o Twitter é a rede social das trivialidades e o ódio. Por um lado há quem esteja ali de passagem, escreva o seu “bom dia diário”, comente em algumas coisas por vezes com opiniões fortes e pouco mais. A acrescentar a isso há aqueles que levam aquilo na brincadeira, escrevem piadas, coisas giras que passam com os seus amigos, muitos que conheceram no próprio Twitter.
E depois há os dois lados da medalha dos mais activos. São dois reversos da.mesma medalha. Pessoas que se apresentam como opostos em ideologia, noções de sociedade mas que na realidade têm ponto em que se tocam.
O que há em comum entre estes dois grupos? Não ouvem ninguém que possa discordar da sua opinião. Sentem-se atacados à mínima voz discordante ou diferente e invariavelmente partem para o insulto como resposta fácil e rápida.
Não estou aqui a defender nem tão pouco a atacar nenhuma das partes. Entendo que cada um tem os seus motivos e razões para escrever da forma que escreve e não me cabe a mim julgar isso. Reservo, no entanto, o direito de exprimir aquilo que sinto sobre qualquer assunto. O que vejo nestas “lutas twiteiras” é um ódio latente pelo outro. Uma constante troca de acusações e insultos. Raramente vejo alguém a tentar colocar-me nos sapatos do outro, a tentar entender porque razão é que aquela pessoa diz o que diz ou age como age.
Talvez por essa e por outra razões eu comente pouco, guardo muito as minhas opiniões para mim. Porque sinto que ao exprimir as opiniões e sentimentos numa tentativa de diálogo, não vou ser escutado. Sinto que irei receber palmadinhas nas costas de uns e insultos dos outros. E isso é contra-producente. É inútil.
Eu não quero agradar a todos, nunca quis. Apenas gostaria que houvesse mais diálogo em vez da habitual troca de insultos surdos.