Está quase a fazer vinte anos desde que criei o meu primeiro blog. Cada blog que comecei veio, de certa forma, substituir o anterior, creio que este já é o terceiro. Foram várias as razões que me levaram a apagar blogs e começar de novo, todas elas emocionais. Tudo começou quando nas horas mortas do meu trabalho, resolvi começar a escrever um diário. Um diário com tudo aquilo que me vinha à cabeça naquelas alturas. Um diário privado mas escrito numa plataforma pública. Com o passar do tempo os meus textos começaram a ficar mais “densos”, mais complexos.
Bom, nem era bem mais complexos. Os posts variavam entre grandes dissertações sobre o que se passava comigo e outros que eram apenas pequenas frases que descreviam uma ideia que eu tinha ou alguma dúvida existencial.
Ao longo dos anos fui conhecendo outras pessoas que também, escreviam. Foram maioritariamente conhecimentos “virtuais”, que não passavam de mais do que troca de comentários ou emails. Com algumas pessoas a barreira do online foi ultrapassada e houve contacto frente a frente. Amizades que se formaram e algumas que ainda hoje perduram.
O meu primeiro diário foi uma fase solitária, onde havia muito para escrever. Era de tal forma que por vezes escrevia duas ou tres vezes num só dia. Era um pouco como aquilo que se diz: “a inspiração só nos vem quando estamos a sofrer”. Não sei se era isso mesmo ou não, mas de facto era o que parecia.
Depois disso apaguei o meu primeiro blog e criei um novo, onde comecei a escrever coisas novas. Eram na mesma textos sobre tudo o que surgia na minha cabeça, todos os meus sentimentos, mas algo estava diferente. E a minha escrita passou a ser menos prolífica. Como sempre havia de tudo, no entanto era mais espaçado. Fiz esperiências com a escrita, nomeadamente textos de ficção acompanhados de música composta por mim especificamente para o que era descrito nos textos. Uma banda sonora para o texto. Experimentei também escrever textos acompanhados de fotografias ou pinturas.
Finalmente, surgiu este blog. Não foi um substituto do anterior, foi apenas uma transferência, uma transformação. Comecei a escrever vários textos de ficção misturados com os originais sobre as minhas ideias, sentimentos, dúvidas.
Pelo meio disto tudo e já antes de ter começado o primeiro blog, desde quase sempre, faço colecção de blocos de notas. Adoro-os. Escrevi muito em blocos de notas, em folhas soltas e muito do que escrevi em papel não passou para o blog. Entretanto vou escrevendo muito de vez em quando. Escrever, para mim, é uma forma de desabafar. É como se estivesse a falar com alguém que apenas me está a ouvir e que não tenta resolver os meus problemas, que não me oferece conselhos.
É curioso que sinto-me um pouco como me sentia nos primeiros anos em que comecei a escrever regularmente. Não é a mesma coisa, nem o mesmo sentimento. É um sentimento semelhante que talvez tenha evoluído. Eu também já não sou a mesma pessoa que era há vinte anos.